Perseverança no ministério

Perseverança no ministério - Tony McKinnon
Tony McKinnon
Diretor da Associação Ministerial Rhema, nos Estados Unidos.

“Não dando nós nenhum motivo de escândalo em coisa alguma, para que o ministério não seja censurado. Pelo contrário, em tudo recomendando-nos a nós mesmos como ministros de Deus: na muita paciência, nas aflições, nas privações, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, na pureza, no saber, na longanimidade, na bondade, no Espírito Santo, no amor não fingido, na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, quer ofensivas, quer defensivas; por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama, como enganadores e sendo verdadeiros; como desconhecidos e, entretanto, bem-conhecidos; como se estivéssemos morrendo e, contudo, eis que vivemos; como castigados, porém não mortos; entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo” (2 Coríntios 6:3-10).

Ao observar esse texto, percebo o quanto Paulo enfrentou para que todos pudessem ter relacionamentos saudáveis. Você é grato a Deus pela perseverança de Paulo? O livro de Coríntios é uma leitura obrigatória para nós, ministros, pois revela como ele conduzia seu ministério.

Como mencionei, Paulo revela três grupos compostos por nove tribulações, nove necessidades e nove paradoxos — todos relevantes para a vida no ministério. No versículo 4, podemos destacar que ele menciona especificamente tribulações e aflições. As tribulações enfrentadas no ministério certamente trarão pressões à nossa vida.

Perseverança e paciência

Há situações na vida que podem ser estressantes, mas Paulo nos lembra que há esperança — uma graça fortalecedora que nos capacita a perseverar. Tudo cooperará para o nosso bem, desde que estejamos comprometidos em trabalhar como cooperadores de Deus.

A palavra paciência refere-se à capacidade de permanecer firme, de “segurar a onda” e permanecer. Descreve alguém que a o mal e as aflições, mas que, mesmo sob circunstâncias, mantém uma atitude positiva — é uma resistência carinhosa. Não importa a pressão: haverá sempre um sorriso no meu rosto. Isso é perseverança, é cultivar uma constância gentil. Essa qualidade de caráter — de quem se recusa a se render — é indispensável para o ministério.

Aquele que não se rende diante das circunstâncias e não sucumbe às pressões é perseverante. Perseverar é manter-se firme, com uma atitude corajosa, enfrentando provocações e provações com fé. Quando falamos de paciência e longanimidade, há uma distinção importante: a paciência geralmente se refere à nossa postura diante de situações e desafios; já a longanimidade está mais relacionada à maneira como lidamos com as pessoas

A Bíblia associa a paciência à esperança — uma qualidade de caráter que não permite que alguém se renda ou sucumba às tribulações. É perseverança e constância nos sofrimentos, sustentadas pela fé. Trata-se de uma qualidade mental: ar o sofrimento e os momentos difíceis com uma mente tranquila. Resistir é seguir adiante, indo de força em força.

Mas é importante lembrar que a perseverança não é resultado da nossa própria determinação, e sim da fidelidade de Deus. Ela é fruto de uma parceria com Sua graça. Minha participação é necessária, mas não carrego esse peso sozinho — Deus é fiel. Perseverar não significa ser perfeito. Significa simplesmente continuar avançando.

Tudo começa com a graça de Deus

“Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o ardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes. Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida” (Tiago 1:2-5).

Se eu me mantiver como coparticipante com Deus e Sua graça, mesmo em meio às adversidades, Ele estará comigo no momento da provação. A única forma de ser derrotado é desistir. É justamente no meio das provações e tribulações que a perseverança é gerada. Há lutas que enfrentamos sem entender o porquê, mas, em vez de desistir, peça sabedoria a Deus. Há coisas que precisam ser acrescentadas à nossa fé — e uma delas é a perseverança.

“Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar. A ele seja o domínio, pelos séculos dos séculos. Amém!” (1 Pedro 5:10,11).

Tudo o que começa com a graça de Deus terminará com a Sua glória. Enquanto perseverarmos, não receberemos essa graça em vão — e isso resultará em glória para Ele.

Sabemos que não gostamos de sofrer — e, de fato, não precisamos ar pelas mesmas dores que Jesus enfrentou como nosso substituto. No entanto, há sofrimentos que Ele ou como exemplo para nós. O ministério carrega seus próprios desafios, e precisamos de sabedoria para lidar com eles.

Muitas vezes, faço esta oração: “Senhor, aperfeiçoa-me, firma-me, fortalece-me e fundamenta-me”. Cada uma dessas palavras carrega um propósito:

Reparar significa tornar completo.
Firmar é estabelecer de forma sólida e estável.
Ajustar é alinhar na direção correta.
Fortalecer é ficar ao lado.
Fundamentar é estabelecer alicerces sólidos.

E quem faz tudo isso é o próprio Deus — o Deus de toda a graça. Enquanto o as situações com fé, tudo o que envolve a minha jornada vai sendo ajustado, fortalecido e transformado em algo sólido e inabalável.

Persevere diante das pressões

“Não abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão. Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para que, havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa” (Hebreus 10:35,36).

Essa instrução é um alerta para nós: não negligencie — não abandone a sua confiança. O diabo quer que você se cale diante das pressões. E, sim, há dias em que o silêncio parece a melhor escolha. Mas Paulo nos ensina que, nesses momentos, precisamos perseverar. É a perseverança que nos levará a receber a promessa, depois de termos feito a vontade de Deus.

Você pode chamar isso de paciência. Se a fé é a mão que recebe de Deus, a paciência e a perseverança são como o braço. A fé, sozinha, pode enfraquecer com o tempo, mas a resistência da perseverança mantém a fé firme. Essas coisas são forjadas em nós à medida que avançamos no plano de Deus.

“por intermédio de quem obtivemos igualmente o, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus. E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (Romanos 5:2-5).

Paulo começa reconhecendo a graça, e é nela que ele afirma que estamos firmes. Diante da pressão, a resposta correta é nos alegrarmos. Regozijamo-nos na esperança da glória de Deus e até nas tribulações nos gloriamos, porque sabemos que, quando a pressão vier, a alegria produzirá algo valioso em nossa vida.

Na sua jornada ministerial, não há outra saída: você só fracassa se desistir. Se permanecer firme, a perseverança vai gerar experiência e caráter — sinais de que Deus pode, de fato, confiar em você. A esperança em Deus nunca nos decepciona. Sem esperança, a tendência é desistir.

Fundamentados no amor

“Lembrando-nos sem cessar da obra da vossa fé, do trabalho do amor, e da paciência da esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, diante de nosso Deus e Pai” (1 Tessalonicenses 1:3).

Nosso trabalho para Deus deve estar fundamentado no amor. E a verdade é que nem sempre é fácil — algumas pessoas realmente exigem esforço para serem amadas. Mas, se eu permanecer firme em Deus, não serei um fracassado.

“Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais” (Jeremias 29:11).

Não importa em que ponto da jornada você esteja — se ainda não está bom, é porque não chegou ao fim. Aprenda a se agarrar nas cordas da esperança. Nos momentos difíceis, lembre-se: Deus nunca vai te desapontar.

Renovação da mente pela Palavra

“A qual temos como âncora da alma, segura e firme, e que penetra até ao interior do véu” (Hebreus 6:19).

A esperança é a âncora da alma. Meu espírito já está seguro em Deus, mas a minha alma ainda precisa ser firmada. Nossa mente, vontade e emoções nos dão trabalho — especialmente em meio às tribulações e pressões. Nessas horas, nossa alma tende a querer fugir, dizer o que não deveria, fazer o que não deveria.

Mas em Cristo eu aprendi como lançar essa âncora para segurar a minha alma: renovando a mente pela Palavra. A fé é um firme fundamento, e a esperança pode ser entendida como uma expectativa confiante.

Hebreus 11 nos ensina que a fé é a certeza daquilo que esperamos. Sem esperança, a fé não tem onde se firmar — ela perde sua substância. Fé, esperança, e a renovação da mente são ingredientes que cooperam para o nosso favor.

A primeira das nove tribulações mencionadas na Bíblia é a aflição — ou seja, a pressão. E muitas vezes, há mais pressão na promessa do que no problema. Jesus disse: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, pois eu venci o mundo.” Em Deus, você encontrará esse ânimo.

Orientações aos ministros

“Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos; levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo. Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal. De modo que, em nós, opera a morte, mas, em vós, a vida” (2 Coríntios 4:7-12).

Neste mundo — e especialmente no ministério — somos atribulados em tudo. O tempo todo enfrentamos situações que se levantam contra nós. Mas não nos deixamos angustiar, pois há um processo acontecendo dentro de nós. E é nesse processo que precisamos perseverar.

Como ministros do Evangelho, a morte opera em nós para que a vida alcance aqueles a quem ministramos. À medida que morremos para nós mesmos, transmitimos vida aos outros. Às vezes, nossas mensagens ainda carregam muito de nós e pouco d’Ele — muito da alma, ainda desbalanceada. Precisamos morrer para essas coisas. Esse é um funeral constante.

Não permita que a pressa invada sua personalidade — ela nos desgasta como ministros. Podemos até ser eficazes no púlpito, mas frágeis nos relacionamentos e na vida pessoal, justamente porque deixamos as pressões entrarem.

A necessidade financeira também é uma pressão real no ministério. Muitas vezes, estamos no limite. As finanças provam nossa fé e revelam nosso caráter. Se não formos confiáveis nas coisas naturais — como o dinheiro —, como Deus nos confiará as espirituais?

Levantar recursos faz parte do ministério. Você precisa inspirar as pessoas com visão, pois a provisão sempre segue a visão. Ensine sobre finanças, dízimos e ofertas. Fale bem do seu povo. Se você os instruir corretamente, eles agirão corretamente. Toda prosperidade começa no dar — e não no receber.

Outro fator de pressão é a angústia — que significa estar em um lugar estreito e apertado. A pressão vem de fora; a angústia, de dentro. Precisamos lidar com ambas, mas não nos rendermos a elas. Um dos aspectos mais desafiadores no ministério são as pessoas. Algumas tentarão te desanimar, te puxar para baixo — mas não se deixe afundar na lama.

A contenda também é um ponto que merece destaque. Existem tribulações que surgem entre irmãos — conflitos que ferem e desgastam. Precisamos enfrentá-las com maturidade e graça.

Leve cura

“E se alguém lhe disser: Que feridas são estas nas tuas mãos? Dirá ele: São feridas com que fui ferido em casa dos meus amigos” (Zacarias 13:6).

Não importa quantas pessoas já te feriram — você precisa continuar amando, capacitando, edificando e levantando outras pessoas. Foi para elas que Deus nos chamou. Não importa quantos “Judas” você encontre pelo caminho, sua missão permanece. Não multiplique as feridas — leve cura.

As cicatrizes que você carrega são a prova de que você sobreviveu. Elas existem para mostrar que você ou pelo vale e continuou. Mas lembre-se: transmita cura, e não suas dores. Não use o púlpito para pregar suas feridas — use-o para liberar vida.

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