por Leonardo Murata

“Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim. 9 E chamou o SENHOR Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? 10 Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi” (Gênesis 3.8).

Na primeira epístola de João 3.14 está escrito que nós amos da morte para a vida. Contudo, conforme lemos no versículo acima, Adão e Eva fizeram o processo inverso. Eles aram da vida para a morte. Jamais saberemos o que eles sentiram quando ouviram a voz do Senhor os chamando naquele dia. Eles estavam dominados por sentimentos que nunca tinham experimentado antes: vergonha, culpa e medo.

“Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si” (Gênesis 3.7).

Algo na vida deles mudou, e foi para pior. Não foi algo que descobriram com o tempo. Eles perceberam a transformação instantaneamente. Sabiam que não estavam mais na mesma condição de antes. Por que fizeram vestes de folhas para se cobrir? Porque perceberam a necessidade de que algo fosse feito para que pudessem voltar à condição perfeita que tinham antes do pecado. O que Adão e Eva não perceberam é que aquilo que deveria ser feito, eles jamais seriam capazes de realizar.

Eles fizeram as vestes e se cobriram, mas no fundo, no fundo, sabiam que não era o suficiente, afinal se esconderam entre as árvores do jardim mesmo vestidos com as folhas. Essa é a sensação de quem tenta pagar o preço para se tornar aceito por Deus. No fundo, no fundo, sabe que aquilo não é o suficiente. Por mais que ele faça, nunca o será.

E o que o Senhor fez quando viu eles vestidos com folhas? “Fez o SENHOR Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu” (Gênesis 3.21).

Agora atente para os seguintes questionamentos:

  • Quem conseguiu as peles? Deus.
  • Quem fez as vestimentas? Deus.
  • Quem os vestiu? Deus.

Todo o trabalho de cobrir Adão e Eva para se tornarem novamente aceitáveis, foi inteiramente de Deus. Ele sozinho, sem ajuda de ninguém, fez “o favor” de conseguir as peles, fez o favor de fazer as roupas e o favor de vesti-los. Adão e Eva não tiveram que fazer nada, apenas aceitaram esse favor que nem mereciam.

Substituição

Você não encontrará em Gênesis a seguinte declaração de Deus: “Haja pele!”. Aquelas peles não aparecem assim. Um animal teve que morrer para ceder as peles para as vestimentas. Porém, o animal não tinha nada a ver com o pecado deles, ele era inocente.

Com esse ato, Deus já estava apontando como futuramente resolveria o problema que o próprio homem criou: um inocente assumiria a culpa e morreria no lugar dos culpados.

“Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito” (1 Pedro 3.18).

Este foi o plano de Deus para salvar o homem: o justo morre no lugar dos injustos. Como também podemos constatar nos versículos abaixo:

“Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar” (Gálatas 3.13).

“Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Coríntios 5.21).

Preste atenção nas expressões “no lugar”, “em nosso lugar” e “por nós”. Elas se referem à substituição. Jesus nunca pecou. Sempre esteve na sua condição ideal e perfeita diante do Pai. E, então, o que Jesus faz? Troca de lugar conosco. Ele assume o nosso lugar como culpados e cumpre a nossa pena. Enquanto nós assumimos o seu lugar de justo e voltamos para aquela condição ideal e perfeita diante de Deus.

“Mas ele foi trasado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Isaías 53.5).

O Deus de toda graça

No capítulo 8 e versículo 37 de Romanos Paulo afirma que somos mais do que vencedores. Note que ele não diz que somos vencedores, ele diz que somos mais do que isso. Porque estamos desfrutando de uma vitória que não tivemos que lutar por ela.

Esta é a grande dificuldade do homem com relação a graça de Deus. Ele vai ter que usufruir de coisas que ele não merece e nem pagou o preço para tê-las. E o homem tem uma enorme dificuldade para compreender e aceitar tal fato.

Na Bíblia, Pedro se refere ao Senhor como o Deus de toda graça (ver 1 Pedro 5.10). A graça de Deus está por toda a Bíblia. Você pode ver a graça d’Ele ao criar um homem que não fez nada para merecer ser criado. Depois, essa mesma graça resgatou o homem que não fez nada para merecer ser resgatado. Por fim, você verá Deus oferecendo de graça a água da vida para pessoas que jamais poderiam pagar por ela (leia Apocalipse 22.17).

O conceito meritocrático pode estar tão profundamente enraizado em uma pessoa, que a bondade e o favor imerecido de Deus podem até incomodá-la. Independentemente disso, Ele é o Deus de toda a graça. Resta ao homem, que recebeu desta, se conformar e aprender a usufruir das coisas pelas quais ele não pagou o preço e nem mereceu. A graça está baseada em quem Deus é e não na performance humana.

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